O Brasil verdadeiro
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Na verdade, esse povo que sofre com pobreza, tragédias, faz parte do Brasil verdadeiro, o Brasil que não aparece nas pomposas propagandas políticas da TV nem nas reuniões do G20, G8, Fóruns Internacionais e etc. Catástrofes como a do nordeste mostram uma ferida aberta que o governo tenta a todo custo disfarçar: um Brasil que não está tão bom como mostram, como falam. Um Brasil onde os altos números do PIB e as boas rentabilidades da BOVESPA não dizem nada. O Brasil que aparece nas catástrofes é o que todo mundo tenta colocar debaixo do tapete, é a ferida que se tenta esconder com curativo. Esse é o verdadeiro país, que existe por baixo do curativo dos números.
Esse é o Brasil verdadeiro, abandonado, o Brasil sertanejo que ainda vive debaixo da ditadura de Renan e Sarney, o Brasil de gente que só é lembrado em ano de eleição por lobos devoradores que trocam saco de farinha por um botão verde na urna, na mais moderna versão do escambo colonizador.
O Brasil verdadeiro é o da gente que não sabe que existem direitos humanos, códigos de defesa do Consumidor, Direitos Universais da Criança e do adolescente, Estatuto da Igualdade Racial, Lei de Proteção ao Idoso, Lei Maria da Penha, Previdência Social nem nada disso. Gente que vive da própria lei, a lei da sobrevivência, onde os mais espertos vivem e os bobos sobrevivem. Gente que vive da própria justiça, feita muitas vezes com as próprias mãos.
Muitos migraram para a classe média? Sim, mas ainda é pouco diante de um país grande como esse e que tem a miséria enraizada em sua história. Percebe-se que passam os anos, mudam os governos e o Brasil muda pouco. Sim, muda pouco. Os miseráveis desse país continuam a viver como refugiados, à própria sorte, sem saber o que é ser atendido por um hospital decente - muitas vezes não sabem nem o que é ser atendido por um hospital, enquanto as propagandas mostram modernas ambulâncias levando supostos atendidos a hospitais super modernos.

Esse é o Brasil que os candidatos governistas vão esconder, e os oposicionistas vão mostrar nas eleições, mas que depois de outubro passa a ser esquecido tanto por quem ganha como por quem perde. Quem ganha comemora a vitória com muita festa regada às melhores bebidas e a melhor comida ao lado dos aliados que não veem a hora de ganhar uma boquinha na administração pública, e quem perde vai para sua casa luxuosa, esperar pela próxima eleição, pra começar tudo de novo.
Enquanto isso, o Brasil verdadeiro tenta juntas os cacos de tijolos para também começar tudo de novo.
Pronto, desabafei!