Digamos que 40% do Brasil está perguntando: cadê o Amarildo? 20% não está nem aí pra quem é ou deixa de ser o Amarildo. E outros 40% querem saber outra coisa: quem é esse tal Amarildo que todo mundo fala?
É pra esses últimos que esse post é direcionado.
Vamos lá, quem é Amarildo? Algum cantor novo de funk melódico, tipo o Naldo e a Anitta?
Não, ele não canta nada, não. Na verdade é um pedreiro morador de uma favela do Rio que sumiu depois de ter sido levado pela Polícia para "averiguação".
Mas o que aconteceu com ele?
Ele foi abordado na porta de casa em 14 de julho por quatro policiais da UPP da Rocinha, que o confundiram com um traficante da região. Foi levado para a sede da UPP para averiguação, e depois disso sumiu. Ninguém teve mais qualquer informação sobre ele.
Ah! Mas só isso? Tanto barulho só por isso?
Pensa: um cara comum, sem nenhum antecedente criminal conforme foi confirmado pela Polícia, é levado por policiais e depois some do nada. Não existem câmeras que provem onde ele esteve, pra onde foi. Nada.
Mas o que querem dizer: que ele foi morto pelos policiais?
Não é o que se diz, mas a Polícia precisa explicar o que aconteceu com ele. Chegaram a fazer um exame de DNA numa mancha de sangue encontrada numa viatura da Polícia, mas não era o sangue do Amarildo. Enfim, não é possível dizer o que aconteceu com ele, mas a história é muito estranha.
Mas será que ele era tão inocente assim? Sei lá, morador de favela...
No Brasil todo mundo é inocente até que se prove o contrário. Mas na prática não é assim, e essa ideia está não só nas Instituições, mas na cabeça do brasileiro, como nessa pergunta. Sabemos muito bem que pobre, favelado, negro nem sempre é inocente até que se prove culpa. Na verdade, as vezes na prática acontece o oposto. Primeiro se acusa e se faz algum tipo de "justiça", depois averigua se o infeliz realmente tinha alguma culpa.
Mas não pode ter sido algum traficante que tenha matado o Amarildo?
Quem sabe? Como não existem suspeitos nem nada que conduza a nenhuma linha de investigação, qualquer hipótese e levada em conta. O fato é que tem meio mundo atrás dele: Ministério Público, a Divisão de Homicídios da polícia, até a Anistia Internacional está de olho no caso.
Mudando de assunto, esse Amarildo parece o Zina do Pânico, né?
Ah, os internautas brasileiros e sua mania de espalhar informação antes de checar a fonte ou a veracidade do que se diz. O Facebook hoje é a mãe do disse-que-me-disse, uma espécie de telefone sem fio universal, por onde circulam palavrinhas de ódio de revolucionários de sofá que se indignam, mas não sabem exatamente com o que.
Quer uma prova disso? Publique algo sobre o Auxílio Reclusão no Facebook e aguarde palavras de ódio como "no Brasil o bandido recebe salário pra fica preso", "nós trabalhamos pra sustentar filho de bandido", "a bolsa-cadeia é maior que o salário mínimo" e outras coisas que cairiam muito bem na boca de Marcelo Rezende mas que não correspondem aos fatos.
Tá, então o que é o auxílio-reclusão?
É um valor pago pelo INSS à família de uma pessoa presa em regime fechado ou semiaberto.
Todo preso recebe auxílio-reclusão?
Não. Só os presos em regime fechado e semiaberto, como eu disse antes. Se o infeliz for para a condicional perde o auxílio. Além disso, pra ter direito o preso tem de ser contribuinte regular da Previdência - o que, convenhamos, reduz e muito o número de presos com acesso ao direito. E se fugir da prisão perde na hora o auxílio.
E quanto é pago como auxílio-reclusão?
O valor máximo pago de auxílio-reclusão no Brasil é de R$ 975,00. O valor a ser pago é calculado com uma fórmula nem muito difícil: 80% da média dos maiores salários que a pessoa já tenha recebido. Assim: soma-se todos os maiores salários já recebidos pela pessoa e tira a média. Desse resultado, paga-se 80% disso como auxílio reclusão. Se o total da conta ultrapassar R$ 975,00, esse é o valor máximo pago.
Mas mesmo assim pensa: receber uma graninha dessa pra cada filho dá uma força legal, ainda mais se o infeliz tem muito filho...
Pera: não é pra cada filho.
Não?
Não, o valor de auxílio reclusão é único, independente de ter 1 ou 20 filhos.
Mas mesmo assim: quem é honesto e trabalha precisa pagar a bolsa reclusão desses vagabundos.
É, essa é uma outra história, mas o auxílio existe para prover recursos para a família da pessoa que foi presa, e muitas vezes não tinha nenhuma outra fonte de renda. Pense que na maioria desses casos há crianças - muitas, pois se tem uma coisa que brasileiro sabe fazer é filho - que não pediram pra nascer nem tem culpa de serem filhas de bandido. Quem provê o sustento dessas crianças?
Eu ainda acho isso é um absurdo. Eu tenho que trabalhar para pagar o material de escola de filho de bandido.
É, mas é assim que funciona o sistema de previdência de qualquer país. Alguns pagam para que, quando precisar, todos tenham acesso. É mais ou menos igual ao seguro do carro: você paga mesmo sem usar, e sabendo que tem outros que estão sendo beneficiados pelo seu dinheiro.
Enfim, resumindo: só tem direito ao benefício o preso que era contribuinte do INSS antes de ser preso, tem que estar em regime fechado ou semiaberto, o valor máximo pago é de R$ 975,00, uma vez por mês, independente da quantidade de filhos.
Ela é, digamos, uma versão um pouco mais madura de Mallu Magalhães, e já tem lugar garantido na fofomusic brasileira, ao lado de nomes como O Teatro Mágico, Palavra Cantada e A Banda Mais Bonita da Cidade, entre outras bonitinhas. Que fique claro: a fofomusic não existe de fato. É bom avisar.
Mas independente do estilo que ela escolheu cantar, ela é uma das vozes mais brilhantes do momento, na minha opinião. Clarice Falcão é pernambucana e filha do diretor João Falcão e da roteirista Adriana Falcão. Caiu nas graças do público após o sucesso do grupo de humor Porta dos Fundos. Mas Clarice é muito mais do que humorista. Na verdade ela mesma parece ainda não saber qual carreira pretende seguir, e por isso segue várias, todas de forma brilhante. Aos 16 anos dirigiu seu primeiro vídeo para a internet, Dois Menos Dois, e já escrevia canções. Aos 17 anos protagonizou o curta Laços, que não só ganhou um prêmio internacional do Youtube, mas a deu visibilidade a ponto de ser convidada pelo novelista João Emanuel Carneiro para participar de A Favorita, um dos maiores sucessos da história da novela brasileira. Em 2009 adaptou para o teatro o musical Confissões de Adolescente, onde também atuou cantando e dançando mesmo sem ser dançarina. Em 2011 escreveu a peça de teatro Inbox, com o marido Gregório Duvivier. Ainda em 2011 atuou no filme Eu Não Faço A Menor Ideia Do Que Eu To Fazendo Com A Minha Vida. Em 2012 participou de dois seriados para a TV paga, e também se lançou como humorista no Porta dos Fundos. Para alguém com 23 anos, Clarice Falcão tem um currículo invejável!
Agora colocando em prática o lado cantora, Clarice trás o álbum Monomania, com 14 músicas assinadas por ela própria, onde narra as desventuras do amor sempre com um toque leve, agradável e as vezes até cômico. Diferente da maioria dos cantores que retratam o fim do amor sempre em tom de sofrimento, Clarice mostra uma leveza de quem sabe o que quer e usa isso ao seu favor, transformando o sofrimento em música.
Vale a pena conferir uma das músicas e nossa dica de hoje do Sunday Music, Capitão Gancho: