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Blog Novas Ideias

Quem disse que só tem um jeito?

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Quem disse que só tem um jeito?

Quebrando a cara - e a perna



Não assisto UFC. Aliás, até assisto vez por outra, mas não acompanho. Não tenho interesse em ver homens se agarrando e se encoxando num octógono, por isso não sei nenhuma denominação, escala de competições, quem é o melhor, o pior no UFC. Aliás, há poucos dias vim saber o significado da sigla UFC (Ultimate Fighting Championship). Enfim, é um esporte que não me chama nem um pouco a atenção. E chamava a atenção de pouquissima gente até a pouco tempo atrás, antes de a Globo ter o lampejo de comprar os direitos da exibição das lutas. Agora UFC virou esporte popular no Brasil, quase como futebol. E é essa popularização que me leva a saber um pouco mais do Anderson Silva, tido como heroi nacional porque dá mais porradas que os adversários quase sempre. Só que numa luta contra o americano Chris Weidman ele perdeu. Viu o cinturão ir para o adversário. Não aceitou a derrota e quis uma revanche. Não só perdeu novamente o cinturão como quase perde a perna. 

É, Anderson Silva é o tipo que não sabe perder. Estava numa maré alta, com uma popularidade quase chegando as estrelas, ganhando muito dinheiro e pensou que não podia perder nada. Perdeu. Tá, e daí?  Perdeu hoje, ganha na próxima. Uma das grandes lições dessa vida, que aprendemos a duras penas, é que não se pode ganhar todas. Quem tenta ganhar tudo corre o risco de quebrar a cara - ou a perna. 

Saber perder é essencial para levar a vida de uma forma mais leve. Essa obrigação que a sociedade e a igreja nos impõe de vencer sempre, de estar sempre por cima, de cantar vitória o tempo todo e sempre se apresentar como o super heroi que nunca perde é, no mínimo, mentirosa, pra não dizer adoecedora. Nos acostumamos a ganhar o tempo todo, porém a vida é feita de tempos de vacas magras e vacas gordas. Todos temos fases em que nada dá certo, em que, como diz Carlos Drummond de Andrade, pra todo lado que você anda tem uma pedra no meio do caminho. Só que não aceitamos esses bad moments. Queremos sempre ganhar, e se algo dá errado o que acontece? Culpamos os pais, a formação que recebemos, a qualidade ruim do ensino de quando você se formou no ensino médio há vários anos atrás, o trânsito, o PT, Deus. Somos especialistas em encontrar culpados para nossos momentos de derrota, mas nunca paramos para pensar que algumas coisas dão errado porque a vida é assim. 

Já que estamos em época de reflexão de fim de ano, taí uma coisa boa para se refletir no próximo ano: apender a aceitar as derrotas que você sofrerá em 2014. Só espero que isso não seja uma profecia para nossa Seleção. Sim, comemore tudo que conquistar, e aprenda com o que perder. 

Que todos nós possamos aprender a lição que o spider Anderson Silva nos ensinou nessa madrugada de sábado para domingo: aceitar derrotas conserva as pernas... rs

Mandela: um homem de quem o mundo não era digno


Algumas pessoas me cobraram esses dias algum texto, alguma reflexão sobre Nelson Mandela e sua importância para o mundo. Confesso que demorei pra concordar em escrever algo por um único motivo: é difícil encontrar palavras que o descrevam. 

Resolvi então fazer um post no estilo perguntas e respostas, que deu tão certo em posts anteriores. 

Quem foi Nelson Mandela?
Nelson Rohlilala Mandela foi líder estudantil, advogado e militante político sul africano contra o apartheid, regime social que separava brancos e negros na sociedade sul africana. Por conta de sua militância intensa, foi preso e, por 27 anos (sim, vinte e sete anos!) viveu numa cela sozinho 23 horas por dia. Foi solto por conta da pressão internacional. Toda a comunidade internacional aplicou sanções econômicas e políticas sobre a África do Sul, que não viu outra alternativa a não ser libertar Mandela. No ano seguinte, ele foi eleito presidente da república e pôs fim à separação entre negros e brancos.

Mas o que era esse tal Apartheid?
O Apartheid teve início como política de estado na África do Sul em 1948, com a eleição de Daniel Malan , clérigo da Igreja Holandesa, como presidente. Mas vale lembrar que ele não foi o primeiro na África do Sul a falar em segregação racial. Esse conceito de separação por raça já era presente na cultura sul africana desde o século XVII. O argumento principal para a oficialização da segregação era "proteger a raça branca que lutou pela construção do país". Em 1950 todo sul africano maior de 18 anos era obrigado a portar um documento onde constava sua raça, que era dividida em 4: brancos, negros, de cor (mestiços) e indianos. Daí em diante a segregação só tomou tamanho. O país passou a ser dividido em regiões exclusivas para negros e brancos. Negros foram forçados a saírem de suas casas e migrarem para regiões pobres, para darem lugar a brancos. Serviços básicos como saúde, educação, passaram a serem divididos de forma desigual para brancos e negros, sendo o pior atendimento sempre dado aos negros. Essa segregação racial durou até 1994. 

Mas ainda não dá pra entender: qual era o argumento usado pelo governo para separar brancos e negros?
Além do oficial, divulgado pelo governo em notas do Partido Nacional, que governou o país desde o início da segregação, há uma série de fatores que levaram ao apartheid. Um dos motivos era a forte influência europeia no país, mas o assunto é muito mais complexo que isso. Seriam necessários cursos intensos de História Geral para entender de fato o que se passou na África do Sul desde seu início até chegar ao Apartheid de 1948. Seria necessário inclusive ir à fundo para entender a forte presença branca na África do Sul, num continente predominantemente negro. Sim, a África do Sul é o único país da África com forte presença de brancos. Além disso, há todo um histórico de influência religiosa na África do Sul que levava à separação. O Apartheid instaurado em 1948 apenas oficializou o que já existia na prática. 

Tá, e onde entra Mandela nessa história?
Durante toda sua vida, Mandela foi militante contra a segregação, e por esse motivo foi preso pelo governo sul africano. Acontece que há essa altura ele já era bastante conhecido no país, e sua prisão gerou uma série de revoltas, que eram respondidas sempre de forma bastante violenta pelo governo branco sul africano. Mandela foi mantido preso em regime fechado e isolado por 27 anos, onde só tinha acesso a outras pessoas durante 1 hora por dia. Nas outras 23 horas vivia sozinho. Por conta da pressão internacional Mandela foi solto em 1990, e eleito presidente da África do Sul em 1994.

E depois que foi eleito o que ele fez com os brancos que o prenderam?
Aí é que está a beleza da personalidade de Mandela. Ele poderia ter se vingado, mandado seus algozes para a cadeia e levantado na África do Sul uma revolta vingativa dos negros contra os brancos, mas fez o contrário. Uniu o país (ou pelo menos tentou ao máximo) e deu condições iguais a todos, independente de sua cor. Isso está inclusive muito bem retratado no filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood e protagonizado por Morgan Freeman. 

Então Mandela salvou o país?
Sim, no sentido de por fim ao regime de segregação racial. Mas a África do Sul é um país com graves problemas sociais, inclusive problemas básicos, como acesso a saúde, educação (realidade bem distante do nosso Brasil, né?). Além disso, só acabar com o regime de segregação não é o suficiente. É necessário um trabalho de conscientização que ainda vai levar anos, sem falar que a África do Sul ainda é um país muito desigual, onde boa parte da riqueza ainda está nas mãos da minoria branca. 

E o que ele fez depois que saiu do governo? Ficou curtindo a vida de boa, dando pitaco nos governos sucessores?
Não, Mandela continuou com sua militância, lutando para que a igualdade entre os sul africanos continue sendo construída. Em 2007 criou o grupo The Elders, que reúne ex-presidentes de vários países (inclusive o ex-presidente brasileiro FHC) com o objetivo de passar ao mundo experiências administrativas e debater problemas comuns em todo o mundo. 

Enfim, Mandela merece todas as homenagens que vem recebendo. Se ha algo que tenho de que me orgulhar, é o fato de ter sido contemporâneo de alguém como Nelson Mandela, um homem de quem o mundo pode se orgulhar. 

"Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor de sua pele, da sua origem ou da sua religião. Para odiar, é preciso aprender. E, se podem aprender a odiar, as pessoas também podem aprender a amar."
Mandela

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