Por que reallities show fazem tanto sucesso?
@wesleytalaveira Não tem jeito, os reallties show viraram mania. Mal acaba um já se fala no outro. E isso não é só aqui no Brasil. Gente no mundo todo para o que faz pra ver a vida alheia.
Mas o que esses reallties tem que tanto atraem a atenção do telespectador?
No caso do Big Brother, formato de reallity criado pela empresa holandesa Endemol, há dois conceitos bastante interessantes sobre os quais o reallity se firma: 1) o ser humano é um ser sociável, e quando é privado da convivência em sociedade ele pode ter atitudes completamente desproporcionais à sua personalidade; 2) o ser humano, por natureza, gosta de ver e acompanhar a vida alheia.
Que o ser humano gosta de viver em sociedade não deve ser novidade para ninguém. desde pequenos aprendemos a fazer amigos, a ter colegas em escola, a brincar e dividir brinquedos, crescemos com amigos com quem conversamos, namoramos e casamos. OU seja, toda nossa vida foi construída em cima do conceito de sociedade. Aprendemos que "uma andorinha não faz verão". Portanto uma das experiências mais incríveis de se fazer com o ser humano é privá-lo da convivência em grupo. Somando-se a isso o fato de vivermos numa geração tecnológica, inclua nessa privação uma total ausência de vida on line. Qual o resultado? Impossível prever. O ser humano é um dos animais mais imprevisíveis. Basta tirá-lo daquilo que sua natureza o manda fazer para perder completamente o padrão de comportamento humano.
Ana Madeira |
Somado a isso, é fato que o ser humano adora acompanhar a vida alheia. Seja para comparação com a própria vida, seja por pura curiosidade. Saber como vai o casamento do vizinho, ver se a bunda da colega de trabalho é maior que a sua, saber como é o desempenho do namorado da amiga na cama, comparar o carro do vizinho com o seu e por aí vai. É próprio do ser humano. Gostamos de ver a vida dos outros. Uma das grandes sacadas sobre isso foi dita aqui mesmo no Blog Novas Ideias, numa entrevista com a ex-BBB Ana Madeira. Na entrevista ele pergunta para ela o porque do sucesso do BBB, e ela responde com a frase que poderia facilmente ser tema de vários estudos antropológicos: o ser humano é voyeur. Gostamos de vasculhar a vida alheia. Temos tesão em abrir correspondência do vizinho. Saber o quanto ele paga de energia elétrica. É coisa nossa.
Qual é a grande sacada da versão brasileira do Big Brother? A Globo teve a grande ideia de entender que, além de o ser humano ser voyeur, o brasileiro é fofoqueiro. Adoramos comentar a vida do outro. Espalhamos a notícia da nova namorada do amigo da faculdade, observamos o novo corte de cabelo da colega e comentamos no salão. Não é à toa que revistas de celebridade vendem tanto por aqui. É por isso que Nelson Rubens ainda tem emprego. Os Paparazzi nunca foram tão solicitados, e o SBT anda até pagando prêmios em dinheiro pra quem conseguir um flagra de um artista. Isso porque o brasileiro é fofoqueiro por natureza, aceitem isso ou não. Adoramos o fuxico, a conversinha de elevador e de espelho de banheiro.
Somando tudo isso num único programa seria impossível um resultado diferente do sucesso. Sei também que nos últimos anos o programa vem perdendo audiência, mas isso é mais por conta da mesmice do programa do que pelo formato. Enquanto a TV investir em programas que fucem e exponham a vida alheia, a audiência sempre vai corresponder muito bem.